Eu, uma barata monge performer a olhar para uma paisagem com uma maçã verde a nascer-me pelas costas e a dançar.
I, a cockroach monk performer looking at a landscape with a green apple growing up my back and dancing...
I, a cockroach monk performer looking at a landscape with a green apple growing up my back and dancing...
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Meu Amor...
Podias ter avisado...embora soubesse que de nada serviria...
Meia noite, saio de casa
Permaneço na promessa de quem não vê.
Enrtre lábios mordidos de onde gotejam gemidos de eternidade...
...ali...logo ao virar da esquina ...lá está...a morte...a lembrar-me que existo...
Viro-me num acto egoista e beijo-te novamente...encosto-me inteiro em ti...sinto-te....
...um misto de ternura humana e revolta deixam-me alerta....vou morrer junto com a minha ideia de humanidade...mais tarde será perjúrio...
Desejo-te no lugar de toda a minha existência...a respirar...mesmo que longe...
O que eu não daria por mais uns momentos...toca-me...abre-te...
Afundo-me no nosso leito quente onde me confundo e excito ao mesmo tempo.
Da minha parca e miserável vida restam lama e sacrifício.
Escrevo-te carinho e memória. Dentro de ti...
Tenho a sensação de te conservar em fragmentos que se dissipam na ausência....
Se ao menos eu pudesse possuir-te por mais um segundo nesta duração tão breve...
Foste embora sem pedir licença...
Podias ter avisado...
Victor Jorge, 2017
Podias ter avisado...embora soubesse que de nada serviria...
Meia noite, saio de casa
Permaneço na promessa de quem não vê.
Enrtre lábios mordidos de onde gotejam gemidos de eternidade...
...ali...logo ao virar da esquina ...lá está...a morte...a lembrar-me que existo...
Viro-me num acto egoista e beijo-te novamente...encosto-me inteiro em ti...sinto-te....
...um misto de ternura humana e revolta deixam-me alerta....vou morrer junto com a minha ideia de humanidade...mais tarde será perjúrio...
Desejo-te no lugar de toda a minha existência...a respirar...mesmo que longe...
O que eu não daria por mais uns momentos...toca-me...abre-te...
Afundo-me no nosso leito quente onde me confundo e excito ao mesmo tempo.
Da minha parca e miserável vida restam lama e sacrifício.
Escrevo-te carinho e memória. Dentro de ti...
Tenho a sensação de te conservar em fragmentos que se dissipam na ausência....
Se ao menos eu pudesse possuir-te por mais um segundo nesta duração tão breve...
Foste embora sem pedir licença...
Podias ter avisado...
Victor Jorge, 2017
A morte é mais do que isto !...
Disseram-me que estaria lá... à minha espera.
...esperei...
não pode ser só isto.
Victor Jorge, 2017
Disseram-me que estaria lá... à minha espera.
...esperei...
não pode ser só isto.
Victor Jorge, 2017
O destino estava traçado
Os tempos de mudança eram isso mesmo,
Nada acontecer.
Os bichos procriavam sem acasalar.
A tensão era crescente e o universo não se alterava por causa disso.
Os gritos eram ocos e as vozes sem alcance.
A dor tinha-se instalado aqui como noutro lugar qualquer. Tudo parecia igual.
Um caldeirão gigante.
Nós não sabíamos.
A palavra vida era uma parca representação do que na verdade se diluia na frustação da lentidão.
Os acontecimentos esbatiam-se com o passar dos dias.
Instalara-se o tédio e com ele um novo conceito de desejo.
Sem nos apercebermos a transformação tinha tomado posse dos nossos quotidianos.
Victor Jorge, Maio de 2016
Os tempos de mudança eram isso mesmo,
Nada acontecer.
Os bichos procriavam sem acasalar.
A tensão era crescente e o universo não se alterava por causa disso.
Os gritos eram ocos e as vozes sem alcance.
A dor tinha-se instalado aqui como noutro lugar qualquer. Tudo parecia igual.
Um caldeirão gigante.
Nós não sabíamos.
A palavra vida era uma parca representação do que na verdade se diluia na frustação da lentidão.
Os acontecimentos esbatiam-se com o passar dos dias.
Instalara-se o tédio e com ele um novo conceito de desejo.
Sem nos apercebermos a transformação tinha tomado posse dos nossos quotidianos.
Victor Jorge, Maio de 2016
...o suicídio é mais fundo que a morte...
Aceitar as ordens da natureza,
Inspirar o orvalho fresco da manhã...fechar os olhos e deixar-me trespassar pelo toque dos seus lábios.
Tudo simples.
Faltava-me o derradeiro passo.
Sem ais...Ter a coragem de ali permanecer.
As solicitações multiplicavam se...
Um beijo...
Nos céus ressoava já a imoralidade da minha inércia.
Ao mais pequeno movimento o relatório seria conclusivo.
O suicídio é mais fundo que a morte.
Victor Jorge, Maio de 2016
Podia ter começado assim sem princípio
As idas e vindas davam a ideia do movimento necessário para que eu permanecesse ali, imóvel.
Aqui estou...posso finalmente agir.
O ambiente estava criado. Nada mudará.
À minha existência devo a perfeita conjuntura de me deslocar de obstinação em obstinação.
Deus pouco ou nada tinha a ver com o assunto... logo, estava tudo de acordo. Fácil.
Não tenciono aborrecer-me.
Reconheço os pequenos bichos que ali se movem.
Falta-me desejar outro fim que não prosseguir o incessante rumo da esperança.
Parece-me, sem falhas , que toda a orientação está escropulosamente definida.
Uma vez que me sinto melhor... aguardarei em paz que outra seta se interponha no meu caminho e me lance na direcção certa...
Victor Jorge, Abril de 2016
Aceitar as ordens da natureza,
Inspirar o orvalho fresco da manhã...fechar os olhos e deixar-me trespassar pelo toque dos seus lábios.
Tudo simples.
Faltava-me o derradeiro passo.
Sem ais...Ter a coragem de ali permanecer.
As solicitações multiplicavam se...
Um beijo...
Nos céus ressoava já a imoralidade da minha inércia.
Ao mais pequeno movimento o relatório seria conclusivo.
O suicídio é mais fundo que a morte.
Victor Jorge, Maio de 2016
Podia ter começado assim sem princípio
As idas e vindas davam a ideia do movimento necessário para que eu permanecesse ali, imóvel.
Aqui estou...posso finalmente agir.
O ambiente estava criado. Nada mudará.
À minha existência devo a perfeita conjuntura de me deslocar de obstinação em obstinação.
Deus pouco ou nada tinha a ver com o assunto... logo, estava tudo de acordo. Fácil.
Não tenciono aborrecer-me.
Reconheço os pequenos bichos que ali se movem.
Falta-me desejar outro fim que não prosseguir o incessante rumo da esperança.
Parece-me, sem falhas , que toda a orientação está escropulosamente definida.
Uma vez que me sinto melhor... aguardarei em paz que outra seta se interponha no meu caminho e me lance na direcção certa...
Victor Jorge, Abril de 2016
Falo porque tenho que falar
Falo porque tenho que falar, sem razões, sem lágrimas, mesmo que o que digo não seja meu, falo.
São estas as minhas aventuras. Não estou portanto à beira de um fracasso. Não é importante o que falo, apesar de comportar largas doses de amor e ternura humana. Os padrões que regem a importância das coisas não se realizam nestes agenciamentos. O único encontro que tive foi há muito tempo. Não se repetiu. Tenho a alma seca. As palavras são importantes... diria... estão num nível intermédio ... entre o silêncio e o pensamento. Falo para me manter acordado. Seja como for não tardarei em calar-me de vez. Talvez se gritar muito, perca a voz e me cale antes de repousar. Talvez consiga tocar num silêncio rápido antes de me entregar profundamente. A minha língua inerte afasta-me dos risos e das conjecturas festivas. Correr! Movimentar um braço, depois outro, acertar um compasso forçado ao falhanço. Não há certezas. Ao longe oiço um beijo. Há quem sinta a erva húmida a elevar-se da terra. Há quem na madrugada de um esverdeado fresco de orvalho se atreva a calar-se.
Victor Jorge, 2012
I speak beacause i have to speak
I speak because i have to speak, without reason, without tears. Even if what I say is not mine, I speak.
These are my adventures. I am not, however, at the edge of failure. What I say is not important, though it carries an ample dose of love and human tenderness. Standards that determine the importance of things are not considered in these negotiations. The only encounter I ever had was a long time ago. It was not repeated. My soul is dry. Words are important, I'd say; they exist on an intermediate level between silence and thought. I speak to keep myself awake. Be as it may, it won't be long before I shut up for good. Maybe if I scream enough, I'll lose my voice and shut up before I rest. Perhaps I'll be able to experience a rapid silence before burying myself deep. My inert language distances me from smiles and festive conjectures. Run! Move an arm, then the other, fix a compass broken by force. There are no certainties. From far I hear a kiss. There are those who can feel the wet grass rising from the earth. There are those who, early on a green and dewey morning, dare to be silent.
Victor Jorge, 2012
Não poderia ter acontecido de outro modo.
Não havia mais nada a fazer.
As cordas à volta dos tornozelos estancavam o movimento do sangue, que lentamente deixava de oxigenar o cérebro.
O Sol ajudava a acelarar um processo forçado ao sucesso.
Já não havia angústia.
Os tempos eram de sobrevivência.
Aproximava-se o momento glorioso em que tudo pára e o silêncio se instala.
O que antes parecia inantigivel apresentava-se agora como um facto.
Por fim...o movimento não era já uma dúvida, mas a clara síntese de um universo fora de mim.
Victor Jorge, 2014
It couldn't have happened any other way.
There was nothing else to do
The cords around his ankles staunched the movement of his blood that slowly stopped sending oxygen to his brain.
The Sun helped accelerate the process, forced toward success.
There was no more anxiety.
They were times of survival.
The glorious moment approached in which everything stopped and silence settled in.
What before seemed impossible was now a fact.
Ultimaly...the movment was no longer a doubt, but a clear synthesis of a universe outside myself.
Victor Jorge, 2014
Estou longe de uma dimensão gloriosa
Permaneço entre as coisas partidas e as palavras que as descrevem
A persistência da mão que faz dilata a hipótese de reconhecimento de uma qualquer coisa viva.
É uma questão de disciplina.
Repetir torna-se uma necessidade. Repetir diferente uma exigência à sanidade.
Qualquer movimento de lucidez é uma contração da eficácia de subjugar o medo a ele próprio.
Um dia destes perceberei que ter posto um fim era um acto de clarividência,
Estou longe de uma dimensão gloriosa.
Queria saber se algum dia tive alma…
Tenho sempre uma estranha sensação de jamais ter tocado em algo ou de ter possuído mais do que este corpo que incessantemente rescreve para se lembrar que existe.
Victor Jorge, 2014
I am far from a glorious dimension
I remain between broken things and the words that describe them
The persistence of the hand that makes the recognition of some living thing possible.
It's a matter of discipline.
To repeat becomes necessary. To repeat differently becomes necessary for sanity.
Lucidity is only possible when fear is turned on itself.
One of these days I'll understand that the obligation to conclude was an act of clairvoyance,
I am far from a glorious dimension.
I'd like to know if, at some point, I had a soul...
I always have the strange sensation of never having touched anything, to have never possessed anything besides this body that rewrites constantly to remember it exists.
Victor Jorge, 2015
Falo porque tenho que falar, sem razões, sem lágrimas, mesmo que o que digo não seja meu, falo.
São estas as minhas aventuras. Não estou portanto à beira de um fracasso. Não é importante o que falo, apesar de comportar largas doses de amor e ternura humana. Os padrões que regem a importância das coisas não se realizam nestes agenciamentos. O único encontro que tive foi há muito tempo. Não se repetiu. Tenho a alma seca. As palavras são importantes... diria... estão num nível intermédio ... entre o silêncio e o pensamento. Falo para me manter acordado. Seja como for não tardarei em calar-me de vez. Talvez se gritar muito, perca a voz e me cale antes de repousar. Talvez consiga tocar num silêncio rápido antes de me entregar profundamente. A minha língua inerte afasta-me dos risos e das conjecturas festivas. Correr! Movimentar um braço, depois outro, acertar um compasso forçado ao falhanço. Não há certezas. Ao longe oiço um beijo. Há quem sinta a erva húmida a elevar-se da terra. Há quem na madrugada de um esverdeado fresco de orvalho se atreva a calar-se.
Victor Jorge, 2012
I speak beacause i have to speak
I speak because i have to speak, without reason, without tears. Even if what I say is not mine, I speak.
These are my adventures. I am not, however, at the edge of failure. What I say is not important, though it carries an ample dose of love and human tenderness. Standards that determine the importance of things are not considered in these negotiations. The only encounter I ever had was a long time ago. It was not repeated. My soul is dry. Words are important, I'd say; they exist on an intermediate level between silence and thought. I speak to keep myself awake. Be as it may, it won't be long before I shut up for good. Maybe if I scream enough, I'll lose my voice and shut up before I rest. Perhaps I'll be able to experience a rapid silence before burying myself deep. My inert language distances me from smiles and festive conjectures. Run! Move an arm, then the other, fix a compass broken by force. There are no certainties. From far I hear a kiss. There are those who can feel the wet grass rising from the earth. There are those who, early on a green and dewey morning, dare to be silent.
Victor Jorge, 2012
Não poderia ter acontecido de outro modo.
Não havia mais nada a fazer.
As cordas à volta dos tornozelos estancavam o movimento do sangue, que lentamente deixava de oxigenar o cérebro.
O Sol ajudava a acelarar um processo forçado ao sucesso.
Já não havia angústia.
Os tempos eram de sobrevivência.
Aproximava-se o momento glorioso em que tudo pára e o silêncio se instala.
O que antes parecia inantigivel apresentava-se agora como um facto.
Por fim...o movimento não era já uma dúvida, mas a clara síntese de um universo fora de mim.
Victor Jorge, 2014
It couldn't have happened any other way.
There was nothing else to do
The cords around his ankles staunched the movement of his blood that slowly stopped sending oxygen to his brain.
The Sun helped accelerate the process, forced toward success.
There was no more anxiety.
They were times of survival.
The glorious moment approached in which everything stopped and silence settled in.
What before seemed impossible was now a fact.
Ultimaly...the movment was no longer a doubt, but a clear synthesis of a universe outside myself.
Victor Jorge, 2014
Estou longe de uma dimensão gloriosa
Permaneço entre as coisas partidas e as palavras que as descrevem
A persistência da mão que faz dilata a hipótese de reconhecimento de uma qualquer coisa viva.
É uma questão de disciplina.
Repetir torna-se uma necessidade. Repetir diferente uma exigência à sanidade.
Qualquer movimento de lucidez é uma contração da eficácia de subjugar o medo a ele próprio.
Um dia destes perceberei que ter posto um fim era um acto de clarividência,
Estou longe de uma dimensão gloriosa.
Queria saber se algum dia tive alma…
Tenho sempre uma estranha sensação de jamais ter tocado em algo ou de ter possuído mais do que este corpo que incessantemente rescreve para se lembrar que existe.
Victor Jorge, 2014
I am far from a glorious dimension
I remain between broken things and the words that describe them
The persistence of the hand that makes the recognition of some living thing possible.
It's a matter of discipline.
To repeat becomes necessary. To repeat differently becomes necessary for sanity.
Lucidity is only possible when fear is turned on itself.
One of these days I'll understand that the obligation to conclude was an act of clairvoyance,
I am far from a glorious dimension.
I'd like to know if, at some point, I had a soul...
I always have the strange sensation of never having touched anything, to have never possessed anything besides this body that rewrites constantly to remember it exists.
Victor Jorge, 2015